Prefeitos e secretários municipais
reunidos no auditório da União dos Municípios da Bahia (UPB) na tarde de
ontem (21) discutiram a previsão de cortes no orçamento do Ministério
da Saúde para 2016. O Projeto de Lei Orçamentária da União enviado ao
Congresso Nacional prevê um déficit de R$16 bilhões para área, com
cortes na Atenção Básica e Média e Alta Complexidade. Em alguns casos,
como o Programa Farmácia Básica, a previsão de orçamento para 2016 foi
zerada.
A redução de recursos deve afetar os municípios ainda este ano. Com o
orçamento de 2015 reduzido em R$ 5,87 bilhões, ocorrerá a insuficiência
de recursos para custeio das ações e programas nos próximos meses de
novembro e dezembro. “No fim do ano, quando o gestor tem o décimo
terceiro a pagar, nós não temos a garantia de repasse do governo
federal. A parcela do Programa de Atenção Básica (PAB) referente ao mês
12 será pago com recursos de 2016, que já prevê déficit”, reclama o
vice-presidente da UPB e prefeito de Barra do Choça, Oberdan Rocha.
Prefeitos e secretários municipais não descartam mover ação judicial
para garantir a transferência dos recursos. De acordo com o presidente
do Conselho Nacional dos Secretários Municipais de Saúde (Conasems),
Mauro Guimarães, a expectativa não é nada animadora. Mesmo que haja a
suplementação dos R$16 bilhões, “não será colocado um leito a mais com
esse valor. Será somente para manter o que já temos sem faltar recurso
até dezembro de 2016”, afirmou. Guimarães ressaltou que os municípios
vêm ainda arcando com aumento de salários, equipamentos e insumos
“dolarizados” e nenhum programa do Ministério tem previsão de reajuste.
Valor empenhado pela União caiu 30%
Dados apresentados na reunião mostram que entre 1993 e 2013, o gasto
dos Municípios no custeio da Saúde subiu de 16% para 30%, enquanto o
valor empenhado pela União caiu de 72% para 42%. A dificuldade para o
encerramento do exercício de 2015 será apresentada pela presidente da
UPB, Maria Quitéria, em reunião com a presidente Dilma Rousseff nesta
quinta-feira (22), em Brasília.
Quem também está na capital federal e não pôde comparecer à reunião
na UPB é o secretário estadual Fábio Vilas-Boas. O assessor da
Secretaria de Saúde, Ivanildo Dourado, falou aos prefeitos que o governo
do estado está empenhado em garantir as contrapartidas, mas que é
necessário definir o papel de cada ente federado no Sistema Único de
Saúde. “Essa discussão nos remete a uma questão anterior sobre o
financiamento da saúde. Já cantávamos essa pedra quando o Congresso
derrubou a CPMF, deixando de arrecadar R$40 bilhões ao ano para a
saúde”, destacou Dourado.
A volta desse imposto, a revisão do Seguro DPVAT, da tributação sobre
herança e a elevação da taxação sobre os produtos derivados de tabaco,
bebidas alcoólicas e importados foram algumas das medidas sugeridas na
reunião para ampliar a destinação de recursos ao SUS.
Convidado pela UPB e Cosems/BA para colaborar com a discussão, o
promotor de justiça do Ministério Público Estadual, Rogério de Queiroz,
afirmou que qualquer tipo de retrocesso referente à saúde e ao seu
financiamento viola a Constituição Federal.
FONTE: (http://www.tribunadabahia.com.br/2015/10/22/prefeitos-alertam-sobre-previsao-de-deficit-de-r$16-bi-na-saude)
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